sexta-feira, 19 de abril de 2013

Um texto cru #Economia

Economia não se comenta, se especula. Existem análises e tendências, mas nunca certezas. Toda opinião se converte em aposta. É por isso que encontrei certa dificuldade ao tentar abordar o assunto por aqui, mesmo gostando muito. Não é um assunto popular, ainda que seja simples nos seus fundamentos. E é exatamente por ser simples que fica difícil falar. 

Sempre é necessário reciclar alguma explicação, traduzir termologias, e existe o perigo de que o texto se torne uma aula de economia. Se for para dar opinião, como disse, vou ter que fazer uma aposta... Deixo essa para meus amigos economistas e analistas que estão cansados de acordar e discordar todos os dias.

Mesmo com tantas suposições e comentários, há resposta para tudo nessa ciência e alguma hora elas chegam. Isso desacredita alguns e dá nome a outros. Claro que é preciso ter estudo e muita inteligência para lidar com a área, sobretudo para aplicar táticas e entender profundamente os mercados, mas, ao mesmo tempo em que a economia é formada de uma lógica de fios exatos, ela caminha sobre pretensões, jogadas e reações humanas. Como falar disso, então? 

Eu sei que o tema assusta, mas, com boa vontade e só um pouco de estudo, as coisas passam a fazer muito sentido. 

Cheguei a esboçar um texto falando sobre a decisão do Copom em elevar 0,25% da Selic depois de dez meses de queda e três de estática. Estava já na quarta lauda enquanto tentava abordar toda a história, as especulações, as coletivas do ministro Mantega, declarações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e indicações da Dilma sobre o que poderia ou não ser feito. Iria trabalhar um texto sobre inflação, sobre como nosso trauma com esse assunto parece se esvair, falar dos Senhores do Tomate e etc. A importância da credibilidade do Copom e sua autonomia ante o governo. Por fim, explicar o quanto elevar a Selic muda a vida da pessoa comum. Depois de algumas páginas de texto, incluí até uma pequena recapitulação das crises de 2008 (imobiliária dos EUA) e 2010 (revelação das dívidas gregas) e o quanto esses choques estão ainda implicando na nossa inflação, que há quatro anos ultrapassa a média estipulada pelo governo. Cheguei a pensar em falar nas medidas da Dilma envolvendo a economia e o quanto ela está se tornando mais populista e menos séria com o financeiro do país. Muita coisa, né? Então... Por isso não funcionou. 

Meu erro brotou de uma realidade básica, que na hora não consegui ver. É difícil começar a falar de economia do nada, sem base, porque a economia plena só faz sentido quando sabemos também a sua história completa. Com a globalização, é praticamente impossível pensar no PIB de um país e em como movimentar seu capital sem ter um contexto mercadológico global. Também não dá para falar de economia sem saber geografia, política e história. Por isso o assunto vira um bicho-papão. E olha que estou tratando aqui só da macroeconomia (não pretendo me meter na ‘micro’, ainda que ache seu estudo extremamente interessante e necessário a todo cidadão). 

Bem, consegui desabafar um pouco sobre o assunto. Agora vem a parte mais importante: sou um grande defensor de que haja educação econômica nas escolas. Claro que o tema deveria ser discutido com suavidade e dinâmica, assim como todos os outros, e nossos profissionais da educação não estão preparados para falar disso (a maioria não está para quase nada). O modelo educacional brasileiro é sucateado, o que não é um mérito nosso. Ainda está para aparecer e se impor um estilo de educação perfeito, envolvente e fixante... Até lá, continuamos ensinando, do jeito que dá, matemática, física, português, química... E por que não economia? Acredito que toda pessoa que passa a ter noção desse campo pensa nos benefícios de sua inclusão à grade escolar. Quantos são loucos para começar um negócio próprio não fazem a mínima ideia da lógica econômica? 

Quantas pessoas que rasgam teorias políticas pelos calçadões não entendem qualquer medida federativa que envolva o Banco Central? Já que uma coisa puxa a oura, passo a contestar também a necessidade de uma base educacional que envolva o direto constitucional. Os jovens saem das escolas e das universidades sem sequer compreender como funcionam os três poderes. Pode isso? Não vejo outro motivo para estarmos estagnados no tempo. PENÚLTIMO LUGAR DO RANKING MUNDIAL DE EDUCAÇÃO! A falta de conhecimento sobre seu próprio país e o sistema que o rege pesa demais. 

Mesmo com toda a possibilidade economia favorável ao nosso Brasil, as oportunidades simplesmente passam mal aproveitadas. Países de tamanho bem mais reduzido e com capacidades financeiras incomparáveis às nossas conseguem formar povos muito mais civilizados e politizados. Por que será?

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